A vida do bicho homem tem sido muitas vezes comparada com a do bicho bicho, mas isto nem sempre é pertinente. Lá pelas bandas dos bichos bicho, quem nasce inseto, morre inseto e quem nasce passarinho morre passarinho e fim de papo. Já cá pelas nossas bandas há inumeráveis casos de pessoas que nasceram insetos e viraram águias, que nasceram sardinhas e viraram tubarões. Por isso é tão gostoso ter nascido, pelo menos desta vez, aqui no pedaço dos bichos homens.
O sucesso está aí, pronto para ser alcançado por quem se disponha e se prepare para chegar até ele. Entretanto, o fato de haver a possibilidade de se chegar lá, o caminho deve ser percorrido passo a passo e unzinho de cada vez.
Queimar etapas pode ser o início do desabamento. Pode-se, isto sim, avançar em regime de aceleração ao invés de regime de velocidade. Isto significa que podemos ir aumentando nossa velocidade de crescimento ao longo do tempo para atingir mais rapidamente a ponta da pirâmide, mas a cada momento é preciso que tenhamos consciência plena do nosso próprio tamanho para que, naquele preciso momento, o passo seja dado de maneira proporcional ao tamanho de nossas pernas.
A certeza de que o sucesso acabará chegando não é aval para se gastar por conta, antes de ter realizado o caixa. Aquele chinesinho famoso e bom de frases, sem nenhum confusionismo, chegou a dizer que “ninguém tropeça numa montanha, mas sempre nas pequenas pedras do caminho”.
É preciso saber encarar cada pedra com a energia necessária ao seu tamanho para que o trabalho idealizado possa ser consumado. Energia demais e de menos são impedimentos à concretização de qualquer projeto.
Falar é fácil, mas tomar a consciência do próprio tamanho é coisa difícil. Precisa ser condicionada, treinada e exercitada dia-a-dia, momento a momento, mas acaba valendo a pena pela segurança que oferece ao atingimento do sonho e pela solidificação de uma idéia que, sem esse comprometimento, acaba se transformando em um tremendo nada.
Foto: Pap-Pel de Papel