Temos notado ultimamente, a preocupação de alguns diretores de entidades de ensino, em providenciar para antes do início de cada período letivo, convites a pessoas de fora de suas instituições, para proferirem palestras motivacionais a seu corpo docente, numa tentativa de energizar a equipe e auxiliar na busca permanente pela melhoria do processo de aprendizagem.
Temos sido privilegiados por estes tipos de convite e é bastante interessante perceber a inquestionável verdade sobre a influência de uma carteira escolar sobre seu usuário. Ao voltar a se colocar na condição de ouvinte, um vetusto mestre assume comportamento idêntico a de seus alunos, não resistindo a conversinhas laterais e brincadeiras infantis. Ótimo para ajudar a conviver, depois, com a mesma realidade nas salas de aula.
Incrível como a gente se esquece rapidamente que já foi criança e de como isto faz tão pouco tempo. Maravilhoso para nos lembrarmos de julgar os jovens em função de suas respectivas faixas etárias. Lamentavelmente ainda é possível encontrar professores exigindo de crianças, comportamento de adultos.
Não se trata de exaltar a licenciosidade nem de admitir a anarquia mas, pura e tão somente de praticar um exercício de memória e conseguir se reportar à própria época e se transformar em contemporâneo destes pequeninos. Quando a gente procura se lembrar do tempo de criança, acaba se tornando novamente um pouco mais criança e conseguindo penetrar de volta neste mundo maravilhoso de sonho e invulnerabilidade. Qualquer criança pode ser inventiva e respeitosa, brincalhona e educada, feliz e responsável. Sempre é bom observar que, no contexto que tentamos argumentar aqui, o termo criança assume uma conotação mais ampla, envolvendo alunos desde a pré-escola até a universidade.
Segundo depoimentos daqueles diretores supra citados, as palestras estão dando resultado, o que se comprova com a repetição sistemática dos convites ano a ano.