Parece que, além de músico, cantor, poeta e compositor, teremos de oferecer a Caetano Veloso o título de profeta quando chegou a dizer “tudo certo, como dois e dois são cinco”. Sim porque hoje, certas contas não batem.
Em meio ao costumeiro tiroteio estabelecido entre candidatos em períodos eleitorais, de repente, surge na Internet(rarissimamente na mídia aberta) uma denúncia de que resultados de pesquisas eleitorais estariam sendo manipulados em favor de algum(a) candidato(a).
A notícia passa como vento e, apesar de ser citado o nome da empresa realizadora da pesquisa, não se vê nenhuma providência de desmentido, nenhuma ação de reparação moral, nenhuma marola no tranqüilo oceano jurídico.
Ora, é sabido que, num país com tantos analfabetos, cultiva-se em terreno fértil a cultura de “não perder o voto” e, para isso, basta votar em quem está na frente e as pesquisas acabam por ser responsáveis pela transformação de enormes mentiras em verdades absolutas, no caso de a denúncia ser verdadeira.
Mas, se for mentirosa, é caso claro de calúnia e difamação, previsto em todos os códigos jurídicos como crime, o que deveria gerar uma reação de reparação por parte, pelo menos do órgão acusado da manipulação em nome da preservação de sua ética, moralidade, honestidade e qualidade profissional.
Como toda empresa vive de resultados e a divulgação de uma denúncia dessas pode causar estragos substanciais na credibilidade de seus serviços com reflexos imediatos em suas finanças pela possibilidade de perda de clientes potenciais, a imobilidade dos acusados fica aparentando claramente haver alguma compensação financeira.
Assim, dois e dois deixam de ser quatro. Podem acabar nem sendo cinco mas muito mais, centenas, milhares, milhões. Crimes que deveriam ser punidos são ignorados. A verdade, que deveria prevalecer com clareza, fica enevoada, desfocada e cheirando muito mal. Resultados naturais ficam alterados. Pessoas certas acabam descartadas em benefício de outras nem tanto.
As conseqüências acabam ficando claras quando se confrontam as promessas de campanha com as realidades dos mandatos.
Estamos mergulhados numa sinuca de bico e sem ter idéia de alguma saída digna e honrosa para o nosso futuro. Tomara que nossos filhos, netos ou bisnetos sejam capazes de fazer o que nossa geração não está conseguindo, resgatar o nome e a dignidade de nosso país. Tomara que algum dia consigamos novamente ter certeza de que dois e dois voltem a ser quatro, para o bem de todos e felicidade geral na nação.