Muito se ouviu dizer que empresa não pode ter coração e que o único objetivo de qualquer uma deve ser o lucro. Talvez seja preciso repensar esses paradigmas (e com a máxima urgência) para que se consiga um primeiro passo na direção da contenção deste gigantesco tsunami mercadológico chamado China.
Em um dos últimos anos do século passado, numa reunião de lideranças regionais na cidade de Memphis, Tennessee, EUA, fui presenteado com uma caneca de louça e o comentário bem humorado feito no momento da entrega foi de que se tratava de um dos costumes regionais o fato de cada um ter sua caneca mas que se eu olhasse no fundo da minha, poderia ver que era ” Made in China”. Isso aconteceu há quase vinte anos e era apenas a ponta do iceberg.
Algum tempo depois deste episódio conheci uma história de um empresário brasileiro, do ramo de confecções, que foi a uma viagem de negócios até a China com o propósito de comprar seda para sua fábrica de camisas. Após várias rodadas de negociação, acabou comprando alguns containeres de seda e tudo foi festejado em um jantar de comemoração e confraternização onde, estrategicamente, sentou-se a seu lado um confeccionista chinês que, a certa altura perguntou: Por que não leva as camisas prontas ao invés de apenas a matéria prima?
Algumas contas pra lá e outras pra cá, o negócio foi fechado e os containeres acabaram ficando por lá mesmo. O empresário, ao chegar de volta tratou de fechar sua fábrica e gerou um desemprego total a todos aqueles funcionários que o ajudaram a construir a solidez de sua grife.
O mesmo enredo, mudando apenas os personagens e o ramo de negócios multiplica-se epidemicamente por todos os quatro cantos do planeta. Não é preciso ser nenhum profeta nem gênio em futurologia para perceber o final desta novela. Parece que estão sendo deixados para trás alguns dos pilares do marketing como: o comprometimento com a qualidade e a responsabilidade social.
Será que não seria hora de assumirmos atitudes menos simplistas do que basear a razão de existência de uma empresa apenas no lucro? O mundo está em pleno processo de chinezização e o andar desta carruagem está desembestado.
A seguir nesta trilha fico preocupado com o futuro da Sophia, que para quem não conhece, é minha netinha linda e querida.