Eu tinha me comprometido a não tratar deste tema aqui neste espaço mas os rumos que nosso país e o mundo têm tomado me conduziram a rever esta posição e a tratar de me manifestar enquanto posso.
Há inúmeras definições na literatura para política mas gostaria de não me prender a nenhuma delas. Meu objetivo é singelo e direto. Não busco seguidores, simpatizantes ou contestadores. Não espero aplausos e nem vaias. Uso apenas o direito de expressar minha opinião a quem interessar possa.
Começo com a constatação incontestável de que corrupção e política são matérias mundiais e atemporais. Nasceram juntas, gêmeas siamesas lá nas profundezas do tempo. No nosso país apareceram com a nossa história, desde antes da vinda da família real para a grande colônia d’além mar.
Não é a política que corrompe seus participantes, mas a corrupção que conduz as pessoas portadoras desta debilidade moral para a política. Basta fazer uma varredura nos quadros políticos e constatar facilmente a dificuldade de encontrar alguém efetivamente ilibado, descontaminado e bem intencionado. Caso haja algum será apenas a exceção que justifica a regra.
Os nossos níveis atingidos pela corrupção extrapolam todos os limites. A história nos mostra uma enorme quantidade de políticos cujas vidas públicas tiveram participação decisiva na elevação meteórica de seus status social e financeiro. As desculpas são as mais esfarrapadas possíveis. Alguns chegaram a dizer, com a maior cara de pau, que tiveram sorte e ganharam seguidamente na loteria. Outras, simplesmente ignoram a inteligência alheia e tratam a população como um bando de cegos, ingênuos e covardes, que, pensando bem, talvez sejamos mesmo. Haja vista a descarada impunidade que grassa no ambiente dos ungidos.
É desesperadora a sensação de impotência que nos acomete quando constatamos que a epidemia se alastrou pelos três poderes e pelos três níveis: executivo, legislativo e judiciário, municipal, estadual e federal.
A desgraça se apresenta em toda a sua plenitude quando, juntamente com os escândalos sucessivos e crescentes, nos deparamos com um quadro de absoluta falta de lideranças confiáveis. Falta dignidade, falta comprometimento, falta competência, falta honestidade, falta vergonha na cara.
Desculpem o desabafo. Eu, você ou qualquer um de nós poderia ficar aqui desenrolando esse malfadado novelo de iniquidades mas prefiro ter respeito a cada um de vocês e ficar por aqui. Qual será a geração que irá conseguir mudar o rumo desta história?