Ando meio sem inspiração para escrever e, para não jogar qualquer coisa no ar e ficar tomando o seu tempo sem levar nada de bom, prefiro ficar na moita aguardando algum cutucão da natureza.
Nesses momentos de desligamento mental, o espírito vaga solto no ar, sem barreiras, navegando por espaços e dimensões das mais diversas naturezas e acontece cada uma…
De repente, se é um ser que desafia a gravidade e, com um simples impulso e um rápido abaixar de braços, alça vôo e se coloca a navegar através e sobre a paisagem, saboreando o espanto das pessoas que testemunham seu passeio aéreo. É um momento onde se questiona se é real ou apenas um simples sonho. “Deve ser sonho”, concluo, mas vou curtir o quanto puder. Afinal, quando terei outra oportunidade tão deliciosa?
Acredite se quiser ou puder mas esse tem sido um sonho recorrente que venho tendo há algum tempo. É uma delícia curtir a sensação do vôo sem a necessidade de estar a bordo de nada. Nem um avião, nem um teco-teco, nem um ultraleve e, nem mesmo uma simples vassoura de bruxa. Coisa boa mesmo. Coisa fina.
Nestas situações não tenho tempo de ter maus pensamentos, de desenvolver qualquer rancor, de me lembrar de companhias desagradáveis, de ver caras que não fazem mesmo nenhuma falta. Parece até a ante-sala do paraíso.
Como é bom estar voando sem ter a companhia de pessoas que destroem o seu fígado, que sofrem com a sua felicidade e com seu modus vivendi, que fazem de tudo para lhe puxar para baixo, que se julgam no direito de se intrometer na sua vida quando não dão conta nem de cuidar da suas próprias e que destroem folhas e folhas de Comigo Ninguém Pode.
Como bom estar só, no espaço, sem a presença de falsos amigos, de faces engessadas em falsos sorrisos, de donos da verdade que se julgam no direito de ensinar com majestade coisas que não sabem. Como é bom…
Sonho em conseguir, algum dia, acessar a técnica mental que permita realizar este tipo de proeza e, quando conseguir, vou disponibilizar e compartilhar para que mais pessoas consigam voar como eu.
Melhor do que isso talvez seja apenas o momento de minha serenata, quase diária, à minha mulher, que me orienta através do repertório e me incentiva e vibra mesmo quando dou alguma escorregada nas notas e acordes.
Atenda a esta convocação: Vamos voar, Vamos viver, Vamos cantar, Vamos conhecer novos espaços e novas dimensões, Vamos dar as costas aos malas sem alça.
Que curtam sua inveja e sua pequenez. Amém