Paciência e tolerância devem mesmo ser duas das qualidades essenciais para qualquer ser humano alcançar a longevidade. Em nome da manutenção de um relacionamento feliz e estável, muitas vezes precisa-se abrir mão das próprias convicções para manter algo muito valioso que se conquistou e que se tem a certeza de ser o melhor possível para nossas vidas. É a famosa expressão do “engolir um sapo” em nome da harmonia e da felicidade.
É um paradoxo que para sermos felizes, algumas vezes, seja preciso tomar algumas doses homeopáticas de infelicidade para conseguirmos atingir e manter nossa meta. Chega a ser bizarro que, para termos harmonia em casa tenhamos de engolir uma convivência “alienígena” com pessoas que nos sejam desagradáveis, inoportunas e absolutamente desnecessárias.
Lembro-me de um fato acontecido, felizmente já há bastante tempo, da visita que nossa família recebeu de um casal que não víamos de longa data, para um jantar de boas vindas. Por dois dias, orientada de perto pela patroa, nossa cozinheira se esmerou para preparar uma receita especial de bacalhau, obtida de um conhecido “chef” que trabalhara em um restaurante cuja especialidade era, exatamente, bacalhau. Tudo foi feito para que os visitantes notassem nossa alegria e nossa deferência para com eles e, assim, se sentissem benquistos e bem-vindos . Pois bem, a primeira observação do marido da amiga visitante foi que teria prazer em “vir qualquer dia à nossa casa para ensinar como se faz bacalhau”. A dimensão da grosseria foi tamanha que nós, os anfitriões, nos entreolhamos e ficamos mudos, desconcertados e incapazes de uma reação imediata. A educação falou mais alto, engolimos o “iguana” mas o fato jamais foi esquecido.
Hoje entendo que na idade que a natureza permitiu que eu chegasse, não tenho mais necessidade de tolerar convivência com criaturas como aquela. Aprendi que devo cultivar contatos com pessoas que trazem energia positiva para a relação. A vida e o ambiente social pelo qual passa nosso país já nos trazem desilusões e sofrimentos suficientes. Nada justifica qualquer omissão e temos de tratar de tomar as providências ao nosso alcance para nos protegermos destes zumbis. Em nome da nossa saúde, da nossa felicidade e até mesmo da nossa longevidade, pouco a pouco, precisamos nos afastar de quem drena nossas energias e nos arremessa para onde não queremos e nem merecemos ir.
Vamos tratar de selecionar com critério quem queremos no nosso círculo de amizades e buscar pessoas que vibrem na nossa frequência e tragam alegria, força, leveza, bondade, amizade desinteressada e, principalmente, felicidade.
A longevidade agradece.