Todo país democrático é constituído por três poderes oficiais e, pelo menos mais um, não oficial, com força, no mínimo, equivalente a cada um dos três primeiros. Os três poderes oficiais recebem da Constituição, atribuições específicas e rigorosamente definidas para que o conjunto possa funcionar sem conflitos e turbulências legais.
Esta é a teoria e seria perfeita se cada uma das partes exercesse sua competência dentro das ressalvas e dos limites pré estabelecidos. Em muitos países o modelo funciona a contento mas, como é sobejamente sabido, há países e países. Há povos e povos. Há culturas e culturas. Há histórias, histórias e estórias.
Para que tudo realmente funcione é preciso que a razão central de tudo, o fulcro, o olho do furacão tenha sido muito bem feito, muito bem pensado, discutido, corrigido e, indiscutivelmente aprovado, aceito e respeitado. Este núcleo não precisa ser lato, onisciente e absoluto mas precisa ser seguido por absolutamente todos que vivem sob sua guarda até que seja atropelado pelo tempo e pelo avanço dos hábitos e costumes e precise ser atualizado. Em sua vigência deve ser único e isento de divergências e duplas, triplas ou enésimas interpretações. Transparência, clareza e justiça devem ser seus alicerces principais. Em alguns países é apenas uma linha mestra, concisa, pétrea, de poucos parágrafos mas amplos, magnos e definitivos. Outros países preferem uma verdadeira enciclopédia que contempla os conceitos de TODOS os códigos jurídicos. É o nosso caso. Comparem os tamanhos da Constituição dos EEUU e da nossa. Vejam a idade de cada uma. Pois é…..
Cada país tem a necessidade de ter uma Constituição única para que se possa ter coerência jurisprudencial mas a redação da nossa, por ignorância ou por conveniência, permite interpretações não só diferentes mas, às vezes, até contraditórias. Verdadeiro absurdo paradoxo. Este fato faz com que os poderes, teoricamente preconizados para seguir esta orientação de conduta, se sintam à vontade para seguir as leis da maneira que melhor lhes convenham.
O resultado é a instalação de governos com os mais diversos nomes: Democracia, Socialismo, Comunismo, República, Monarquia, Teocracia etc mas com um significado majoritário: Anarquia.
Mas, então, surge o indiscutível quarto poder, que se propõe a ser o mocinho da história e revelar à população a verdade dos bastidores dessa devassidão governista. Que maravilha seria se o compromisso real fosse, efetivamente, com a verdade. Se tudo o que fosse noticiado retratasse pura e somente a verdade. Seria a reedição do paraíso. Mas, lamentavelmente, acontece a mercantilização da informação, que passou a ser o bem mais valioso do planeta e gerou algumas das maiores empresas mundiais, com poder para orientar os rumos da política local, nacional e internacional ao sabor de seus próprios interesses. Governos corruptos compram a consciência do jornalismo corrupto e divulgam mentiras à exaustão até que as mesmas se transformem em “verdades”.
A contaminação é tamanha que chega a dar incredulidade, desconfiança, tristeza, desesperança, impotência e toda a sorte de sensações e ideias negativas nas pessoas de bem.
O que fazer?
Orar? Rezar? Pedir a Deus? Conformar-se? Omitir-se?
Somos pais, avós, filhos e netos que precisamos assumir nosso compromisso com aqueles que vieram e estão construindo nosso legado genético. Temos de fazer nossa parte, por menor que seja, para ajudarmos a fazer de nosso planeta um local digno de se viver. Mas a nossa parte precisa ser bem feita. Sem falsidade, sem jeitinho, sem protecionismo, sem privilégios mas sempre com clareza, honestidade, justiça, competência e mérito.
Dá trabalho? Claro que dá, mas que mérito teria se não desse?