Quem não viveu situações, até mesmo sem ser responsável por elas, que geraram aquela sensação desagradável de desconforto, de embaraço e de arrependimento por estar naquele lugar, naquele momento? Situações em que lamentamos ser dotados de educação e que o que mais gostaríamos de fazer seria reagir à altura e quebrar o protocolo, devolvendo ao constrangedor com juros e correções uma reação vulcânica capaz de inverter o quadro, resgatar os demais presentes e condenar o culpado à geladeira e ao desprezo.
Lamentavelmente há pessoas que não dispõe de um mínimo de compostura, de discernimento, de educação para conviver com outras pessoas. Assumem atitudes e proferem impropérios como se nada estivesse acontecendo, na maior naturalidade ou (quem sabe?), na maior cara-de-pau.
Exemplo 1 – Um grupo de brasileiros estava visitando uma região agrícola nos EEUU e, durante um jantar na casa de um dos anfitriões, a dona da casa nos serviu suco de laranja. Neste momento, um dos componentes do grupo, ao pegar seu copo na bandeja manuseada pela gentil senhora, disse a seguinte “pérola”: “A senhora sabia que este suco aqui só pode estar sendo consumido por conter uma boa percentagem de nosso suco brasileiro? Puro seria horrível, intragável !” A expressão da americana foi de estupefação instantânea e não conseguiu retrucar absolutamente nada. Felizmente um membro de nossa delegação ouviu a barbaridade do energúmeno e, prontamente, saiu em defesa dela dizendo que “aquela era uma posição pessoal do tal fulano e que não era a opinião de todo o resto do grupo. Ninguém sabia de onde ele tinha tirado tamanha bobagem já que todos eram produtores de laranja e não tinham aquela informação.” Pediu desculpas pela indelicadeza e remendou um pouco o mal estar causado por aquele “gênio diplomático”.
Exemplo 2 – No aniversário de 90 anos de sua mãe, um amigo meu foi à festa de comemoração da data onde estavam presentes todos os familiares, amigos próximos e distantes e levou consigo um conhecido seu, exatamente para conhecer sua mãe. Algum tempo depois, já no final da festa, quando a maioria dos convidados já havia se retirado e os poucos que sobraram estavam sentados à volta da aniversariante, este meu conhecido, que já devia ter tomado todas, se introduziu entre os parentes da aniversariante e, em voz alta para ser ouvido por todos, contou um piada de baixo calão e de baixíssimo nível, usando um termo chulo não conhecido pela anciã. Ninguém riu e ela, inocentemente, perguntou o significado do palavrão. Minha irmã, ao seu lado, sussurrou no seu ouvido o significado e, logicamente, ela fechou a cara, a rodinha se desfez e a festa acabou.
Exemplo 3 – Essa aqui aconteceu com um grande amigo que me contou e quicava de raiva quando o fez, por não ter reagido prontamente quando o fato aconteceu. Este meu amigo era casado com uma mulher belíssima e prendadíssima. Convidou um casal que não via há muito tempo para jantar em sua casa quando sua esposa faria um belo prato de bacalhau, que aprendera fazer com seus ancestrais europeus, com uma receita já assimilada por gerações de sua família. Depois dos aperitivos e deliciosas iguarias de entrada, chegou a hora do alardeado prato, que foi servido com pompa e circunstância. Quando o par masculino daquele casal convidado colocou a primeira porção de bacalhau na boca, soltou essa: “Dona Fulana, qualquer dia desses vou me permitir vir até sua casa para lhe ensinar a fazer um bacalhau.”
Poderia ficar aqui registrando outros tantos e tantos casos mas este não é o objetivo. A pretensão aqui é trazer a todos nós a ideia de começar a pensar maneiras de contornar e, melhor ainda, evitar novas situações que possam gerar o tal do malfadado constrangimento.
Será que tem jeito? O que será melhor? Riscar o constrangedor da sua lista de contatos ou armar um barraco na hora H para coloca-lo no centro das atenções e execrá-lo como merece. Sei não…….