Trabalho na terceira idade

A constatação pode ser feita com extrema facilidade.  Qualquer um de nós, articulistas ou leitores, apenas olhando ao redor poderá identificar inúmeros exemplos de pessoas que, apesar de terem construído currículos invejáveis ao longo da vida profissional, de terem experiência inquestionável,  reputação ilibada, e tudo o mais de bom, perfeito e maravilhoso, a partir de um certo momento não consegue mais emprego.

Começa a sentir aquela situação paradoxal de saber fazer e não conseguir provar que sabe.  As vagas existentes se oferecem a pessoas mais jovens, mesmo menos capacitadas.  Parece que o destino único, previsto pelas autoridades, para a velhice é a aposentadoria e a ociosidade.  Aquela pessoa que se rejuvenesce com o trabalho, que ama o que sabe fazer, que faz o que sabe com maestria e perfeição, que faz do trabalho a razão de viver, de repente fica condenado à morte, ao desemprego, ao desprezo, ao mais cruel dos anonimatos.

Feito este preâmbulo, todos podem imaginar a surpresa e a felicidade que senti ao ser convidado para ocupar um novo cargo de carga horária completa, com 40 horas semanais na faculdade onde trabalho.  Até agora, cada semestre era uma incerteza total sobre o número de aulas que nos seriam destinadas em função das ofertas de vagas e a oscilação era grande, gerando uma instabilidade financeira bastante desconfortável.

A partir de agora, além das aulas, que felizmente continuam e nos mantém em contato com esta juventude universitária vibrante, brilhante e sonhadora que é um estimulante perfeito a quem alcançou o posto de vovô, teremos outras atividades voltadas ao desenvolvimento de pesquisas científicas.

Muito bom.

Da experiência fica a confirmação de que sempre vale a pena acreditar, jamais desistir de qualquer sonho e a certeza que tudo foi possível graças ao cultivo de atitudes sérias, honestas, éticas e responsáveis ao longo de todo o período de construção do currículo.

É muito bom poder confirmar a verdade na afirmação de que, realmente, a colheita é o resultado direto do plantio.  Ninguém perde nada, pelo contrário ganha muito, ao ir mantendo abertas todas as portas por onde vai passando pela vida.

Coisa ruim

A sensação de impotência que nos envolve sempre que somos roubados ou furtados, sempre que nos tiram algo que obtivemos com grande esforço e que tem para nós um valor muito além do financeiro é algo mesmo muito ruim, doloroso, quase inenarrável.

Acaba de acontecer comigo mais uma vez.  Não aprendo mesmo…

Dentro de um ambiente frequentado quase que exclusivamente por colegas de profissão é algo totalmente imprevisível e causa uma surpresa de todo tamanho.

A primeira sensação é a de não acreditar e ficar aguardando algum colega anunciar a “brincadeira” e devolver a peça desaparecida, curtindo uma com nossa cara e nos dando uma constrangedora lição de moral.  Com o passar do tempo e a continuidade do desaparecimento, vai surgindo um vazio no estômago, uma exacerbação do sentimento de incredulidade e uma tremenda onda de auto crítica e de auto condenação.

Como é ruim se sentir idiota e se ter deixado confiar em pessoas tão aparentemente confiáveis.  Fica-se procurando um olhar, observando atos e atitudes comprometedoras, avaliando cada um ao redor e tentando adivinhar o que passa na cabeça de cada um.  A vítima fica se sentindo mais culpada que o ladrão: “Por que dei mole?”  Por que não previ esta possibilidade?”  “Por que confiei tanto?”  “Como imaginar ter um amigo ladrão?”  “Como reagirei se descobrir quem foi?”

Para que entendam melhor o que aconteceu, nosso “herói” levou meu HD externo SANSUNG de 500Gb onde eu acabara de fazer todo o meu back-up.  Assim, não levou apenas meu HD, mas o registro de tudo que eu produzi ao longo de uma vida inteira.

Só me resta pedir a Deus que realize o sonho do amigo ladrão e que ele possa, de alguma maneira, ser feliz com o que venha a fazer com meu pequeno hardware de estimação.  Que obtenha o resultado imaginado com o ato que cometeu e que nunca mais cometa maldade semelhante contra ninguém.  Talvez nem tenha consciência do tamanho do prejuízo que causou e até esteja rindo da minha agonia. Como acredito que nada acontece por acaso e que tudo acaba tendo um propósito, vou aguardar serenamente o final desta história.

Sei também que até a completa cicatrização desta ferida, vou continuar sentindo essa coisa ruim……

Empreender ? Por que?

A necessidade de empreender permite uma melhor identificação com o momento vivido pela humanidade, pois os mais preparados estarão tomando o lugar dos acomodados em todos os setores de atividades.

O funcionário/parceiro/empreendedor garantirá sua permanência na empresa enquanto apresentar resultados positivos e provar seu comprometimento com as determinações básicas de seu empregador enquanto que o empresário/parceiro/empreendedor garantirá a permanência de seus colaboradores enquanto puder manter o entusiasmo, a felicidade e a motivação de cada um deles.  Parceria é troca.

As relações trabalhistas passam pela necessidade de bilateralidade no relacionamento e pela consciência de que um depende do outro para o sucesso final almejado por todos. Quando a escola pública foi criada, no começo da revolução industrial (na década de 20), tinha por objetivo treinar pessoas vindas do campo para a cidade com o propósito de trabalhar nas fábricas recém implantadas e se tornarem seus operários.

A concepção desta escola neófita nunca foi a de criar pessoas que pensassem, nem gerar intelectuais, mas sim capacitar um grande número de pessoas para o trabalho da indústria.

Hoje, a indústria emprega apenas uma pequena porcentagem da população, a maioria dos empregos está no setor de serviços e a tendência para o futuro é que se precise cada vez mais de empreendedores e executivos na medida em que a economia mundial avança.

Entretanto, nossas escolas continuam a capacitar indivíduos para um modelo de economia que não existe mais.

Felizmente parece que nossas escolas começam a acordar para a necessidade de oferecer a seus alunos algo mais do que a pura e simples perspectiva de sair das salas de aula em busca de um lugar para se empregar no mercado de trabalho. 

Nossos jovens, enfim, começam a ser informados sobre outras maneiras de sobrevivência além do velho e tradicional emprego. 

Começam também a receber novos paradigmas comportamentais que os orientam sobre as melhores maneiras de serem mais plenamente reconhecidos mesmo se estiverem na condição de empregados.

Começam, enfim, a entender o por que da importância do empreendedorismo.

Por que empreender ?

Esta é uma pergunta que oferece inumeráveis possibilidades de enfoques em suas respostas na medida em que existem inumeráveis situações onde se pode deparar com alternativas das mais diversas para empreender.

Empreender para evitar a sensação de inutilidade proporcionada pela rotina diária e substituí-la por outra, como a de buscar atingir o prazer indescritível de ser o autor de uma solução diferente e criativa para um problema longevo e desafiador onde outros tantos já haviam desistido de tentar.

Empreender para ter a chance de passar pela vida sendo um protagonista e não apenas um figurante, entendendo que, para isso, o cenário não precisa necessariamente ser sob os holofotes das grandes empresas e que a sensação de sucesso e de dever cumprido cabe perfeitamente em qualquer atividade desde que haja destaque reconhecido no desempenho e no comprometimento.

Empreender para ter a chance de saltar da platéia para o palco e arrancar aplausos entusiasmados dos outros e de si próprio.

Empreender para ter boas histórias para contar no aniversário de 90 anos e poder se sentir como o grande herói e o exemplo a ser seguido pelos membros mais jovens da família.

Não fosse pelos empreendedores ainda estaríamos vivendo em cavernas, andando descalços e nos locomovendo por cipós e pirogas.

Foi o inconformismo de empreendedores que permitiram todos os avanços experimentados pela humanidade e nos levaram aos níveis de conforto e desenvolvimento a que chegamos.

Foi um empreendedor brasileiro que criou o cheque pré-datado.

A cada dia se faz mais e mais necessário compreender e praticar os ensinamentos do empreendedorismo devido à enorme alteração que começa a se apresentar em todo o mundo sobre os relacionamentos trabalhistas.

Emprego começa a ser uma palavra em fase de extinção e as garantias de estabilidade são gradativamente reduzidas e substituídas por parcerias alicerçadas nos desempenhos individuais.

A valorização começa a ser vinculada à produção e à produtividade.

Quem produz mais ganha mais e vice-versa.

Simples e justo.

Individualismo ou coletivismo?

Precisamos, todos, ter consciência da necessidade de nos livrarmos do pejo de sermos habitantes de um país onde impera a lei do Gerson, do jeitinho, da impunidade e isso só será conseguido se houver um engajamento maciço em posturas éticas.

É preciso trocar o individualismo pelo coletivismo.

Para que a ética chegue soberana até os locais de trabalho, precisa vir praticada em cada lar, em cada família, em cada sala de aula, em cada “mens sana in corpore sano”.

Precisamos ouvir cada vez menos o costumeiro e lamentável  “- Dane-se”.

Precisamos começar a trocar o “eu” pelo “nós” e o “nós” por “todos nós”.

A sobrevivência e a longevidade saudável de qualquer empreendimento precisam passar necessariamente pela ética.

Afinal, é a ética que demarca a linha comportamental entre homens e bichos.

Quando aprendermos a praticar a ética nos relacionamentos de todas as ordens, seremos o maior , mais feliz e mais empreendedor país do mundo.

Quando aprendermos a olhar nos olhos das pessoas, quando aprendermos a sermos pontuais em nossos compromissos, quando aprendermos a respeitar os direitos do próximo, quando aprendermos a usar com dignidade nossos próprios direitos e deveres, quando sentirmos um arrepio na medula ao ouvirmos nosso Hino Nacional e ao vermos tremular a nossa Bandeira, quando não precisarmos nos arrepender por pagar os nossos impostos e recebermos de volta os benefícios por nossa contribuição, quando tivermos paz e apoio para realizar os nossos projetos, certamente seremos cada vez mais empreendedores e, consequentemente, cada vez mais cidadãos, cada vez mais parceiros, cada vez mais bem sucedidos, cada vez mais felizes e produtivos.