Prioridade é coisa séria.

Impressionante como estamos bem servidos de arautos do apocalipse em nossa imprensa esportiva. Transformaram, ou tentaram transformar o resultado do jogo entre o Brasil e a Alemanha, pela partida semi-final da Copa do Mundo, em uma “tragédia mundial”. Quanto descalabro, quanto exagero, quanta falta de visão, quanto despreparo cívico.

Os despreparados “especialistas esportivos”, colocando-se como “representantes do povo brasileiro”, se diziam cheios de vergonha pela atuação de nossa seleção, que chegou aos trancos e barrancos àquela partida. Nossos jornalistas “mestres da bola”, muitos dos quais parecem nunca ter, sequer, chutado umazinha ao longo de toda a sua existência, apresentaram dezenas de “diagnósticos” para justificar a enormidade do placar adverso, várias “explicações” sobre o que “deveria ter sido feito” e crucificaram e responsabilizaram, inescrupulosamente, jogadores, esquemas táticos, técnicos, dirigentes e todos que estavam ao alcance de seus esbravejamentos descompensados.

Vergonha ter levado uma surra num jogo de futebol?  Fim do mundo? Desastre?  Tragédia?  Ora façam-me um favor. Um mínimo de dignidade seria muito bem-vinda. Vergonha foi o que se passou no período de preparação para esta festa. Os superfaturamentos, a corrupção desenfreada, os escândalos sucessivos e progressivos e por aí afora. Bastaria terem dedicado o resultado a uma possibilidade estatística e o teatro seria muito mais realista.

Se tivessem jogado bola ou praticado algum esporte saberiam que há dias que tudo dá certo e outros que tudo dá errado. Se Brasil e Alemanha jogarem mais 50 partidas, os resultados serão diferentes daquele e o equilíbrio estará restabelecido. Estatisticamente aconteceu que, naquele dia, tudo deu certo para um lado e errado para o outro. Apenas isso. Não estou dizendo que foi gostoso digerir o resultado mas daí a transformar uma partida de futebol em”tragédia” vai uma distância enorme e aqueles que têm acesso a câmeras e microfones deveriam ter uma noção melhor sobre a responsabilidade que carregam e poderiam ser mais produtivos e úteis ao país onde vivem e trabalham. Vocês sabem que fazem parte do famoso “quarto poder” e teriam de ser melhor preparados para exercer esta profissão tão importante. Ajudem a trazer mais esclarecimentos positivos ao nosso povo, a pregar mais cidadania, a motivar ações mais produtivas e prioritárias, a demonstrar que, ser cidadão brasileiro é algo muito maior do que ser, apenas, mais um mero usuário de arquibancadas.

Atenção, meus caros.  A missão de vocês é muito maior do que pensam, ou ao menos, demonstram através das atitudes e pregações que fazem de suas tribunas eletrônicas.

Prioridade é coisa séria !!!

Fazer o que precisa ser feito

O tempo é inexorável e dia após dia nossas estruturas físicas vão se esgotando e as mazelas vão aparecendo. Minha mazela da vez é uma baita artrose nos dois joelhos que estava transformando um simples caminhar numa sessão de tortura. Não houve como escapar e precisei substituir um dos joelhos por uma prótese total já sabendo que brevemente a mesma providência deverá ser tomada no outro joelho.

O que impressiona é o avanço da medicina pois menos de 24 horas após uma cirurgia desta magnitude, eu já estava iniciando alguns movimentos com a perna operada. Fiquei realmente entusiasmado. Outro viés positivo foi a quantidade de mensagens de otimismo e motivação recebidas aos montes por tantos e tantos amigos e parentes. Tenho ainda uma forte desculpa para passar grande parte do tempo diante da TV vendo o desenrolar da Copa do Mundo entre sessões de fisioterapia e toneladas de medicamentos.

O interessante é que o objetivo maior de todos estes procedimentos não é o de voltar a praticar algum esporte ou retornar ao tempo de atleta. Tudo o que se espera é voltar a conseguir a andar sem dor. Simples assim. Chama também à atenção a tal memória corporal que se apresenta imediatamente quando solicitada e faz ter valido a pena cada esporte praticado lá atrás na distante e saudosa juventude. São aqueles exercícios feitos a décadas que estão permitindo a velocidade excepcional de recuperação de hoje.

Fica fácil acreditar no cientista que afirmou  lá pra trazmente que o mais perfeito laboratório do planeta é o corpo humano. Nada se perde, tudo se aproveita e peças vão sendo trocadas mantendo o funcionamento do conjunto adequado às novas situações que vão se apresentando no dia-a-dia.

Lições aprendidas, lições compartilhadas. Quando se tem algo importante a fazer, o tempo é o mais importante dos componentes e a solução passa inexoravelmente por encarar imediatamente o monstro ao invés de adiar as providências. Não é difícil de entender que é mais fácil enfrentar um filhote de jacaré do que um crocodilo do Nilo adulto. Nada de desculpas! Se há algo a fazer, simplesmente faça. Tempo perdido é tempo irrecuperável.

Obrigado por tudo. Pelo apoio, pelo incentivo, pela torcida, pelo carinho e pelo sucesso que vem vindo a galope.

A Palestra

Ontem fui matar as saudades e assisti a uma palestra no SEBRAE. Foi bom para me recordar das inúmeras vezes que estive lá, no lugar do palestrante. Me enchi de vontade de voltar a exercer esta atividade tão prazerosa, manter contato com gente jovem de qualquer idade e interessada em ouvir o que lhe dizem.

Compartilhar conhecimento com uma platéia atenta e ávida por novidades e boas idéias é uma das sensações mais prazerosas que existem. Voltaram também a galope as lembranças dos bons tempos de professor universitário e a oportunidade de ver aqueles rostinhos assustados com as matemáticas dos cursos de engenharia e, pouco tempo depois, felizes por conseguirem constatar que o bicho não tinha mesmo tantas cabeças assim.

Depois de uma certa idade e, principalmente, da aposentadoria, aulas e palestras têm o poder de se transformar em uma espécie de máquina do tempo com a convivência e o envolvimento com gente que está começando a vida e buscando se capacitar e se qualificar para buscar o sucesso e a felicidade.

Este envolvimento oferece chances maravilhosas de receber pedidos de conselhos, cheios de timidez, e orientações fora dos horários das aulas.  Como é gostoso atestar que boa parte da juventude, não contaminada pelos maus exemplos costumeiramente divulgados pela mídia, ainda confia nos cabelos brancos e nas carecas dos mais experientes.

Para nós é um choque saboroso perceber que nosso tempo correu e nos colocou naquele patamar etário que percebíamos em nossos pais e avós e que chegou a nossa hora de ajudar aqueles que estão ainda nos primeiros degraus da pirâmide da vida.

Pronto! Está decidido! Não vou ficar na vontade. Vou abortar a idéia da ociosidade e aceitar os convites para voltar às aulas e palestras. Na verdade não vou abortar, acabo de abortar.

Chega de promessas! Continuo na ativa e agora, as platéias que continuem me aguentando.

Bem feito! Quem mandou me convidarem para aquela palestra?

Dia do Trabalho

Que beleza viver num país rico!

Não me mudei para o exterior não. Estou vivendo aqui mesmo no nosso Brazilzão velho de guerra e não perdi as faculdades mentais como muitos devem estar imaginando.

Afinal de contas vivo em um país com umas das maiores arrecadações de impostos tanto da face do planeta quanto de todos os tempos e isso é coisa de rico.

Nossas estradas, ou aquilo que temos a coragem e a cara de pau de chamar de estrada, são utilizadas pelos automóveis mais caros do mundo e nossos pedágios, com raríssimas exceções, são extorsivos mas se podemos pagar é porque somos ricos.

Nós pagamos regiamente os cidadãos que conseguem ser presos por qualquer que seja o crime que tenha cometido e remuneramos generosamente as famílias que possuem viciados em crack em seu meio. Aliás, bem melhor do que consegue viver aquele que insiste em trabalhar de sol a sol para sustentar sua prole.  Com um parente preso e um viciado em casa, está resolvido o problema de sobrevivência. Ora, se sobra dinheiro para sustentar esta marginália é porque nossos cofres estão abarrotados, ou seja, somos ricos.

Nossas escolas particulares estão entre as mais caras do mundo apesar de nossa classificação no ranking mundial ser pífia. Temos os alunos mais mal preparados e nos ombreamos, em termos de qualidade, com países de economia primitiva. Mas se pagamos sem reclamar é porque somos ricos.

Tudo aqui só funciona se for movido a cifrão. Ninguém estranha mais. Corrupção virou sinônimo de esperteza.

Estamos bem no Guiness. Temos o turismo mais caro do mundo, as viagens aéreas mais caras do mundo, as tarifas públicas mais caras do mundo, os salários públicos mais caros do mundo e por aí vai. Pagamos tudo isso por sermos ricos pois pobre não consegue pagar estas contas.

Temos a classe política mais mal informada do mundo pois enquanto a população toda sabe das falcatruas e dos enriquecimentos ilícitos que grassam entre eles, os próprios jamais sabem de alguma coisa. Ignorância total e desinformação convenientemente completa. Os pronunciamentos de nossos dirigentes retratam um país exemplar onde vive um povo feliz e bem assistido como nunca já se viu. Feliz e rico.

Meu pai recolheu sua previdência social durante toda a vida sobre o teto máximo, que era de 20(vinte) salários mínimos mas sua viúva, minha mãe, recebe menos de 3(três). Aposentados estão proibidos de parar de trabalhar sob pena de morrer à míngua. Escândalos financeiros surgem diariamente aos borbotões e a impunidade passeia incólume. As cifras são tão astronômicas que só mesmo uma economia extremamente rica poderia sobreviver ante tal descalabro.

Mas o país é rico, tranquilize-se.

Talvez mesmo por sermos tão ricos, podemos nos dar ao luxo de trabalhar menos e ter tanto feriado em nosso calendário. Comparem com o resto do mundo e verão a diferença.

Mas não nos enganemos pois em algum momento, alguma geração terá de pagar esta conta e seria muito bom se já pudesse ser a nossa para que nossos filhos, netos e descendentes pudessem viver num país talvez menos rico mas bem mais justo, sério e feliz de verdade.

Feliz Dia Do Trabalho.

Felicidade é sinônimo de sucesso?

Você já ouviu falar em Tal Ben-Shahar?

É o jovem autor dos best-sellers: Seja Mais Feliz e Harpier além de professor do Centro Interdisciplinar  de Herliya, em Israel onde dá aulas, acredite você ou não, de felicidade. Ele não segue a linha tradicional dos palestrantes pois fala baixo e sem pressa mas é o protagonista do curso mais concorrido de Harvard, que fala sobre psicologia positiva.

Dentre várias afirmações que costuma fazer, uma das mais imprevisíveis seja aquela que assegura que todo mundo pode aprender a ser feliz.

Suas pesquisas têm revelado que não é o sucesso que traz a felicidade  e, sim, o contrário. “A felicidade está relacionada com o estado mental e não com o saldo bancário”, orienta Ben-Shahar. E continua,”A sociedade de consumo confunde . As coisas mais importantes não estão relacionadas com o dinheiro mas com o autoconhecimento, a busca de um objetivo de vida e a valorização de cada dia”.

É mesmo impressionante a quantidade de ricos infelizes e basta olhar ao nosso próprio redor.

Há várias definições para felicidade e cada uma delas satisfaz algum momento específico da vida de cada um. Trata-se de uma discussão acadêmica inócua e, talvez, a grande sacada seja a proposta  de Gretchen Rubin, autora do livro Projeto Felicidade ao dizer que sabe ser feliz mas prefere não  se complicar com o conceito teórico já que, com tantos caminhos a seguir, fica “fácil perder de vista o que de fato significa felicidade.” Para ela, “Para ser mais felizes, as pessoas precisam criar um ambiente de crescimento no qual se considerem úteis e sintam que estão aprendendo. Esse é um grande propulsor da felicidade.”

Andy Smith, autor do livro The Dragonfly Effect dá uma resumida genial na questão:”Não existe caminho para a felicidade; a felicidade é o caminho e se você procura a felicidade, comece dando sentido ao que faz”.

O professor Ben-Shahar defende a tese de que é possível aprender a ser feliz e recomenda “Precisamos aprender a deixar fluir. Ao aceitar as emoções desagradáveis conseguimos um parâmetro para valorizar as outras emoções positivas, por mais paradoxal que pareça.”

Enfim, a grande lição que esses mestres nos deixam é a de que a felicidade está ao alcance de todos e que pode, perfeitamente, ser conquistada por todos. Precisamos aprender a traçar nossos objetivos de maneira a ir alcançando-os um a um e, assim, cultivando a convivência com a sensação tão buscada por todos, que é esta tal de felicidade.

Se o mestre diz que é possível, por que não?