Trabalhar pra quê?

Meu saudoso pai sempre dizia que o trabalho é o maior lazer do homem.  Principalmente quando se faz algo que se gosta. Quando se sai de casa para o trabalho e este é prazeroso e gratificante, a sensação é de felicidade diária.  Da mesma forma é verdade que sair para trabalhar em algo ou em algum ambiente desagradável é o horror dos horrores.

Apenas por isso que acaba de ser dito, o homem não deve jamais se acomodar. Deve estar sempre atento a novas situações e oportunidades.

Se o seu trabalho é uma penitência, ligue suas antenas e sintonize tudo o que acontece ao seu redor. De repente, pode passar o cavalo encilhado do sucesso esperando para ser montado e quem não estiver atento pode perder a chance.

Todos devem conhecer histórias de aposentados que ao alterarem drasticamente a intensidade de suas atividades e trocarem a mesa de trabalho pela rede da varanda, acabaram indo mais cedo acertar as contas dom o Divino. Portanto, trabalho é a verdadeira fonte da juventude e o combustível universal da longevidade.

A aposentadoria ajuda a tornar o trabalho do aposentado mais light por permitir eliminar a necessidade dele ficar engolindo sapos de eventuais patrões que desconhecem os atos da Princesa Isabel e tratam seus empregados como lixo. Quem quiser contratar um aposentado para poder aproveitar sua experiência e seu conhecimento precisa entender direito esta regra pois, diferentemente de um jovem aprendiz, o velho não tolerará desaforos e descortesias. Pelo menos não tem necessidade nenhuma de aguentar e só fará isso se quiser ou tiver algum outro propósito maior.

Ele não precisa trabalhar para sobreviver mas, sim, para dar vazão à contínua necessidade de exercitar sua criatividade.  Afinal de contas já deu seu suor e seu esforço por décadas e merece ser o dono de seu nariz e o condutor de seu destino fazendo apenas o que goste e o que mais lhe dá prazer.

Ah, como seria bom se as coisas fossem exatamente assim…

Na verdade, este tipo de trabalhador precisaria de mais atenção e de mais respeito por parte de quem tem a obrigação de criar, promulgar e fazer valer as leis. O número  de direitos que já lhe foram cortados ao longo dos anos é algo que envergonharia qualquer cidadão mais atento e justo.

É inaceitável que aqueles que dedicaram suas vidas ao trabalho tenham de reduzir seu padrão de vida para que corruptos e incompetentes gozem de benefícios imerecidos.

Nossas autoridades estão devendo esta obrigação de fazer com que nossos aposentados possam trabalhar apenas para ocupar seu tempo de maneira mais agradável e descomprometida e não para complementar a renda que lhe foi roubada pelas injustiças propostas, promovidas e acobertadas por gerações de legisladores descompromissados com a própria consciência.

Apenas para exemplificar, meu pai, cuja observação serviu de mote para a criação deste artigo, passou a vida toda recolhendo sua aposentadoria pelo teto máximo(vinte salários mínimos) mas sua viúva, minha mãe, herdeira do benefício, recebe algo próximo e menor do que tres salários mínimos.

Esta é a situação da esmagadora maioria dos beneficiários. Canetadas sucessivas e insensíveis vão retirando de quem tem direito, aquilo pelo que pagaram ao longo de suas existências. A ausência do direito de defesa faz lembrar a imagem do que foi feito pelo anti-semitismo durante a segunda grande guerra mundial. Será que um dia veremos a justiça ser restabelecida?

Meu otimismo me obriga a dizer que sim. É preciso acreditar para conseguir manter um pouco de paz na alma. Afinal de contas, dizem por aí que o homem é um animal racional e tomara que seja verdade.

Comparações com a Natureza

Um dos consensos milenares é o que assinala a perfeição da natureza. A constatação de que tudo que existe no universo surgiu com um propósito perfeitamente justificável é prontamente verificável, constatável e insofismável.

Coisas aparentemente esdrúxulas, só o são até que seja descoberta a razão de sua existência. Mistérios se mantêm apenas durante a manutenção da ignorância. Surgida a justificativa natural, desaparece o mistério e consolida-se a precisão e a garantia do equilíbrio.

O interessante é que as comparações só podem ser feitas à luz do que se sabe até então e o que foi dito e usado em uma época já não serve para o mesmo propósito algum tempo depois.

Gênios do passado, “provaram” que o Sol girava em torno da Terra até que alguns “hereges” disseram o contrário e quase foram queimados vivos por isso.

A comunicação sem fio, o vôo do mais pesado que o ar, as conquistas espaciais, o radar, o GPS etc etc etc estão aí presentes no nosso cotidiano para provar esta obviedade.

Não é à toa, portanto, que as comparações com a natureza sejam tão utilizadas por pensadores, filósofos, profetas, cientistas e publicitários.

Alguns candidatos a profetas mercadológicos usam estes tipos  de comparações para basear teorias e previsões de comportamentos e tendências de mercado mas pegam o exemplo errado na vitrine infinita da natureza e seus seguidores, muitas vezes, quebram a cara.

O advento da internet tem permitido que tenhamos dezenas, centenas, milhares de previsões apoiadas em  pesquisas de consumo mas a própria estatística faz com que um pequeníssimo percentual delas acabe se confirmando e fazendo do seu criador, o guru da vez, o profeta da moda e a voz a ser escutada.

Uma das coisas mais ensinada e mais rapidamente esquecida no estudo de Economia é a clássica afirmação de que “todos os sistemas matemáticos desta disciplina têm mais incógnitas do que equações” e, assim, para se chegar a alguma conclusão é preciso assumir, prever, admitir, chutar e torcer por alguns dados para poder ter condições de calcular os demais.

O exemplo que me ocorre é algo como usar a imagem natural da propagação retilínea da luz para prever o futuro ao invés do vai-vem das ondas do mar, que a cada momento adquire um sentido e uma intensidade de propagação.

Aquele que, por quaisquer razões, se aproximar mais da verdade nas apostas a serem inseridas nas suas equações, acertará mais nas previsões e será o “gênio” a ser venerado.

O mundo corporativo é uma grande loteria. Diariamente se vê o desabamento fragoroso de gigantes e o crescimento vertiginoso de anões.

O ideal é jamais parar de apostar mas fazê-lo de maneira consciente, sem comprometer o todo. Crescer com consistência e manter um fundo sustentável para investimentos em pesquisas e apostas seria a maneira mais tradicional, mais segura, mais sensata e mais mineira de avançar.

Enfim, o segredo volta às suas origens e a conclusão inexorável é seguir o exemplo na Mãe Natureza que trata o crescimento de suas criaturas de forma coerente e adequada.

Tempo de resposta

Sob certos ângulos, homens e máquinas têm pontos em comum.

Ambos necessitam de manutenção permanente para terem o maior tempo de vida produtiva, param de funcionar em caso de falta de combustível ou de acidente grave e têm seu custo de vida. Trabalhar de graça seria algo como a viabilização do moto perpétuo, ou moto-contínuo. E viver em condições saudáveis custa caro.

Entretanto, o que nos levou a tocar neste assunto foi uma característica específica: o tempo de resposta a certos comandos.

Como assim?

Seguinte. Em função de características especiais ou de comandos e circuitos preparados para este fim, ao se acionar um determinado botão para que a máquina execute certo serviço, demandará um certo tempo até que a resposta aconteça.  Isso muda de máquina para máquina, de fabricante para fabricante e, até mesmo, de operador para operador.  Não tem nada a ver com a qualidade do equipamento ou do serviço por ele prestado. Apenas os tempos de resposta são diferentes.

Com a máquina humana acontece a mesmíssima coisa. Pessoas reagem diferentemente a certos estímulos e o fato de serem mais lentas ou mais ligeiras não tem nada a ver com a qualidade específica da pessoa como profissional ou como simples ser humano.

Se você é mais rápido, ótimo, parabéns, beleza mas não precisa se irritar a espalhar fel e mau humor quando se depara com quem não tenha sido privilegiado com este acessório pela mãe natureza. Acione seu rapidômetro também para entender que nem todos são iguais a você. Há pessoas com as mais diferentes velocidade de resposta e se pretender conviver apenas com as que têm a sua mesma velocidade, acabará ficando com muito pouca gente para conviver.

Agradeça a Deus o dom que recebeu e utilize-o em seu benefício e em benefício dos desafortunados que o rodeiam.  Poderá até, com o tempo, conseguir acelerar um ou outro e estará prestando sua colaboração com a aceleração do progresso mundial.

O que será melhor? Velocidade de mais e tolerância de menos ou tolerância de mais e velocidade de menos?

Ambos não satisfazem.  Extremos, geralmente, não se constituem em boas soluções.  O meio termo costuma ser, na maioria das vezes, a solução mais satisfatória e é preciso conscientização e muita determinação para conseguir chegar lá.

Aqui vale até lembrar da lição de meu velho, sábio e saudoso pai:- A melhor e mais segura velocidade é a velocidade do fluxo

Qual será a nossa velocidade? Estaremos acima ou abaixo da média?

Pouco importa, havendo percepção, bom senso e boa vontade, sempre conseguiremos nos adaptar e levar nossa vida em paz e navegar rumo ao sucesso.

Se houver uma pitada de amor,então, fica ainda mais fácil e saboroso.

Reflexões

Afinal, o mundo está mais violento ou, apenas, mais informatizado?

O tema é polêmico e desafiador mas arrisco declarar meu voto antes mesmo  de começar o discurso. Acredito mais na segunda opção, ou seja, que a violência sempre existiu mas hoje é, apenas, mais divulgada.

Basta uma análise qualquer, mesmo de baixa profundidade e sem critério científico para se detectar através da história a presença constante da violência. Guerras e conflitos são fatos recorrentes em todos os tempos.

É triste, frustrante e desoladora esta constatação.

Enquanto surgem e proliferam dezenas de Hitlers, aparece um ou outro Ghandi e a quantidade vai dando de goleada na qualidade.

Felizmente existem as raríssimas exceções que parecem estar aí com a sublime missão de confirmar a nefasta regra e, assim, a grande luta que se propõe é a de buscar maneiras, métodos, fórmulas e muita determinação para fazer proliferar essas exceções até que se consiga reverter o quadro transformando-as em novo modus vivendi.

Esta talvez venha a ser a maior de todas as guerras por ser a antítese de todas as outras. Terá de ser uma guerra sem armas, sem agressões, sem radicalismos, sem intolerâncias.

Quantas gerações serão necessárias para que tenhamos manchetes de jornais sem a cor e o cheiro de sangue?

Quando será que as notícias sobre desgraças e violências virão a ser as raridades em meio ao noticiário?

Dizem alguns estudiosos que o cérebro humano não consegue conceber nada que não consiga realizar e que várias cabeças sintonizadas em um mesmo pensamento aumentam consideravelmente as chances de sua realização.

Precisamos desenvolver a mesma capacidade em compartilhar boas novas ao invés de más notícias. Boas notícias geram sorrisos, esperança, entusiasmo, enfim uma infinidade de manifestações de energia positiva.

Vamos fazer de nossos cérebros, fontes de geração e emissão de bons pensamentos e não estufas de incubação de desgraças.

Pensar coisa ruim causa doenças mas a fé no tratamento é capaz de promover a cura.

Se, gradativamente, uma quantidade cada vez maior de pessoas se dedicar a sintonizar sua mente em um pensamento positivo, acabaremos por transformar este pensamento em realidade e lanço aqui um desafio para começar: proponho que durante todo o mes de fevereiro de 2014, às 18 horas (de Brasília), dediquemos algum tempo, um minuto, mentalizando a cura do câncer.

Quando isto virar um hábito, poderemos acrescentar novas mentalizações, novos horários até conseguirmos transformar em realidade a previsão de um cientista que declarou que o laboratório mais perfeito que existe é o organismo humano, capaz de processar toda e qualquer defesa necessária para a proteção completa do corpo hospedeiro.

Está nas nossas mãos promovermos a aceleração da evolução humana até o ponto deste estágio onde reside a verdadeira liberdade e a tão sonhada felicidade.

Topa?

68 anos – II

É mesmo uma idade mágica.

A gente detecta uma habilidade, até então desconhecida, de perceber formas de comunicação além das palavras.  Gestos e olhares adquirem status de novas vozes e enriquecem  profusamente frases e colocações verbais. Nesta idade adquire-se o aprendizado do comentado jeito de “ler nas entrelinhas”.

Depois de passar mais de seis décadas se comunicando com tantas diferentes personalidades das mais diferentes classes e níveis sociais e culturais, parece até natural que se aprenda alguma coisa adicional no corriqueiro modo de comunicação inter pessoal. Talvez até seja por isso que muitos idosos são vistos como bruxos, magos, adivinhos, feiticeiros.  Você conhece algum feiticeiro jovem fora das telas do cinema ou da TV?

É um tremendo privilégio poder começar a ser meio dono do seu próprio tempo e espaço. Como é saboroso fazer o próprio horário de atividade e/ou trabalho!

Que delícia poder dar um tempo no meio da produção de um texto para se sentar diante do teclado e tocar uma música que se acabou de lembrar…

Levantar no meio da madrugada para registrar uma idéia e passar o resto da noite trabalhando até o registro ficar com a sua cara e, só então voltar para a cama, independentemente da altura em que o sol esteja fazendo o seu passeio diário pela abóboda celeste.

Nesta idade, quando se afirma alguma coisa fora do contexto habitual, os ouvintes e interlocutores pensam mais de duas vezes antes de contestar simplesmente o aparente contra senso pois há um certo atestado de credibilidade intrinsecamente ligado à quantidade de cabelos brancos e rugas do pronunciante.

É por esta época que começamos a deixar de ser chamados de tios e passamos a ser, deliciosamente vovôs.

Os danados dos joelhos doem mais, o maldito nervo ciático vive dando o ar da graça, as crises de labirintite ficam mais assíduas mas, mesmo assim, o sabor da vida é extremamente melhor e ainda fica tudo mais espetacular quando se tem a sorte de compartilhar cada minuto com outra pessoa querida, carinhosa, generosa, cúmplice e, fundamentalmente, amorosa e compreensiva.

Finalmente devo dizer que estou adorando ter chegado até aqui e mais do que pronto para exercer novas atividades, realizar outra montanha de sonhos, estudar mais, continuar lendo compulsivamente, conhecer novos lugares e novas pessoas e ter a chance de viver, se possível, ainda mais intensamente o novo amor que o destino me presenteou nesta altura do campeonato.

Pronto! Que tal?  Sou ou não sou um camarada sortudo?

(Ou será que estou apenas colhendo o que andei plantando pela vida afora.)

Cezar, Cezar, deixa de ser pretensioso…  Hahahahahahahahahaha……………..