Compartilhar, a palavra da moda

Desde o surgimento da produção industrial em escala, criada pela necessidade de atendimento ao crescimento assustador da população mundial, os conceitos sobre a busca pelo sucesso sofreram alterações interessantes.  A primeira preocupação era oferecer as novidades ao maior número possível de consumidores e nestes primórdios, brilhou a estrela de Ford com sua revolucionária criação da linha de montagem.  Este conceito, calcado no tradicional princípio da oferta e procura, dominou a indústria ocidental que criava e produzia em grande escala para ter o que oferecer a um mercado ávido por tudo o que aparecia, no nascimento da era do consumismo.

Este conceito de produzir e, depois, criar campanhas publicitárias para seduzir os consumidores, prosperou e proporcionou o enorme crescimento global do consumo e, automaticamente da economia, que chegou até os nossos tempos.

Começava a acontecer o balé dos focos, ora na economia, ora na produção. Inaugurava-se o reinado das grifes, das grandes marcas e dos modismos.

Desequilíbrios nas economias de gigantes internacionais acabaram provocando sucessivas crises financeiras em vários países espalhados por todos os quadrantes do planeta.  A internet evoluiu e se tornou um dos principais meios de divulgação, de informação e também de vendas.  Catástrofes ambientais provocaram uma onda avassaladora de conscientização ambiental.  A incrível velocidade da evolução tecnológica permitiu a popularização de novos filósofos e novos gurus com idéias inovadoras e uma enxurrada de quebras de velhos paradigmas.

Uma dessas figuras é Michael Porter, professor da Harvard Business School e considerado uma das maiores autoridades mundiais em estratégia competitiva. Em palestra no Brasil, proferida na HSM Expomanagement 2012, Porter apresentou um desconcertante desafio que soou paradoxal à maioria dos presentes: “as empresas se reconectarem com a sociedade sem perder seu objetivo que é gerar lucro”.  Muda o foco da inserção.  A proposta recomenda uma inserção social das empresas ao invés de, simplesmente a inserção social do cidadão no mercado consumidor.  “As novas idéias não vêm das tecnologias e nem da indústria financeira. Elas vêm do reconhecimento crescente das questões sociais.” Ele recorda que era comum se pensar em aspectos econômicos e evitar questões sociais e chama a atenção para o fato de as empresas exercerem enorme impacto também nessa esfera. “A área social será a maior geradora de inovação nos próximos 20 ou 30 anos. A inovação na administração não virá mais da economia”, afirma.

É estimulante perceber que, nesta altura, no nascedouro do terceiro milênio, o ser humano volta ao centro das atenções mundiais e se candidata seriamente voltar a ser a razão maior das atenções mundiais de todas as esferas, de onde jamais deveria ter saído. O ser volta a prevalecer sobre o ter.  Até que enfim…

A nós, resta torcer para que a idéia encontre seguidores e que as atitudes de empresários, dirigentes, políticos e governantes volte a privilegiar o cidadão, o povo, as pessoas e que o foco volte ao geral e saia de vez do particular.

As gerações que estão chegando, com maior convivência tecnológica e maior comprometimento ambiental poderão ser o ponto de inflexão desta curva secular e perversa que colocava o homem como meio e não como fim.  Nossos netos voltam a ter chance de viver em um planeta mais justo.

Vamos entrar nesta corrente.  Afinal, por que não?

3 comentários em “Compartilhar, a palavra da moda”

  1. Cezar, começo a crer que ainda existe salvação para este planeta e seus habitantes.
    Confesso, todavia, que quase nem acreditei na frase abaixo, considerado o contexto onde está inserida.
    “As novas idéias não vêm das tecnologias e nem da indústria financeira. Elas vêm do reconhecimento crescente das questões sociais”
    Será que o homem finalmente deixará de ser “o lobo” do próprio homem e voltará a se identificar pela essência, comum à toda a humanidade? Se forem os ares do terceiro milênio que estão trazendo essa “consciência do coletivo” que ele seja muito bem vindo. Espero que na minha área, se possa, um dia, perceber o mesmo.

    1. Exatamente, Marisa. Este foi o espírito que me motivou abordar o tema. Também senti uma surpresa positiva, como você. Tomara que seja o início de uma revolução que volte a colocar o homem no centro das decisões de outras áreas.

  2. O irmao…..fiquei sabendo hoje de uns stentes…..te procurei aqui…..mas vc ja tinha vazado…espero que esteja bem……..vc é um invejoso….eu tambem passei por 3 pontes a meses atraz……me manda seu contatos cel tel etc
    ronaldo barbosa

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